Coordenadora:
Dra. Ana Y. Harada • Museu Paraense Emílio Goeldi (e-mail: ahara@museu-goeldi.br)
Pesquisadores responsáveis:
Leste do Pará - Dra. Ana Y. Harada (MPEG)
Maranhão - Dr. Francisco Limeira de Oliveira (UEMA)
Grupos de interesse e diversidade de espécies estimada:
Aranhas do grupo Dionycha ocorrentes no Solo (Corinnidae, Liocranidae, Gnaphosidae, Prodidomidae, Clubionidae, Oonopidae, Salticidae, Sparassidae, Zoridae): 80 a 120 espécies na Amazônia.
Formigas (Família Formicidae) presentes na serrapilheira e solo (Sub-famílias: Agroecomyrmecinae, Cerapachyinae, Dolichoderinae, Ectatomminae, Formicinae, Myrmicinae, Ponerinae e Proceratiinae): 100 a 350 espécies na Amazônia.
Papel biológico:
Estudos sobre fluxo de energia e movimento de materiais nos níveis tróficos da cadeia alimentar indicam que as aranhas são um dos maiores componentes da fauna de predadores, sendo responsáveis pela captura de um grande contingente populacional de insetos (WISE, 1993). Vários inventários de aranhas já foram realizados com protocolos padronizados de coleta que permitiram obter medidas de esforço amostral, análises estatísticas e testes de métodos para estimativa de riqueza em espécies (BARREIROS, 2004; RICETTI, 2005).
As formigas de serrapilheira e solo são responsáveis por uma parcela significativa da reciclagem de nutrientes e aeração das camadas superficiais do solo, afetando a abundância e distribuição de diversos organismos animais e vegetais, através de competição, predação, atuando ainda na aeração e fertilização dos solos e como engenheiros do ecossistema. Exercem ainda um impacto na predação e dispersão de sementes e sobre a estrutura das comunidades de invertebrados.
Técnica de Coleta - Extratores de Winckler
Definem-se áreas de 1 metro quadrado, com auxílio de quatro réguas de madeira, com 1 metro de comprimento cada. A serrapilheira e a camada superficial do solo de cada área são peneiradas em um concentrador (Figura 1). O material particulado resultante e os organismos presentes são segregados com a utilização de extratores de Winkler (Figura 2), por três dias. Este método é eficiente na amostragem de diversos grupos de invertebrados (FISHER, 1999).
Unidade Amostral: Cada amostra é um conjunto de animais resultantes da exposição em extratores de Winckler por três dias, de um metro quadrado de serrapilheira peneirada.
Desenho amostral: Em cada parcela serão obtidos três metros quadrados de serrapilheira peneirada. Os pontos de amostragem serão distribuídos dentro da parcela do protocolo 15, determinada para estudo de árvores com DAP>10cm, localizada do lado direito da trilha (entre 5 e 6 metros de distância do final da trilha). Os pontos de saída das trilhas das parcelas para os três pontos de amostragem serão localizados a 10, a 110 e a 210 metros do início da trilha da parcela, sendo estas distâncias medidas acompanhando a trilha da parcela. Toda a grade (dividida em 30 parcelas) será amostrada, totalizando 90 amostras por expedição. Dentro de cada grade as amostras serão obtidas em seis blocos de cinco subparcelas, de forma a obter-se 15 amostras a cada três dias. As amostragens serão sempre matinais (das 6 às 11 horas). Os blocos serão amostrados alternadamente e cada um corresponderá a uma coluna na grade, como mostra a Figura 3.
Figura 3 - Disposição dos blocos dentro das sub-parcelas.
Variáveis ambientais: Em dois pontos dentro uma área de um metro quadrado amostrada, será medida a profundidade da serrapilheira, com auxílio de uma vareta graduada em centímetros. O volume será tomado no campo, comprimindo-se toda a serrapilheira presente na área de um metro quadrado adjacente, em um balde graduado em mililitros, e no laboratório a serrapilheira penerada será medida em um becker graduado em milímetros, antes de ser exposta nos extratores de Winkler. Outras variáveis, tais como umidade do ar, temperatura do ar, precipitação pluviométrica e classificação do solo poderão ser utilizadas, se disponíveis para cada parcela.
Fixação e preservação do material: O material biológico será fixado e preservado em álcool 75-80%. Os exemplares coletados serão depositados nas coleções do INPA, do MPEG e outras coleções fiéis depositárias da Amazônia.
Restrições a atividades que prejudiquem o desenvolvimento do protocolo: Para otimizar a correlação dos dados com variáveis bióticas e abióticas, os pontos de coleta deverão ser estabelecidos dentro das transecções definidas para estudos botânicos, o que pode levantar objeções. Caso não seja possível fazer as coletas dentro dos referidos transecções, estas deverão ser feitas dentro de cada parcela, em transecções adjacentes.
Referências:
BARREIROS, J.A.P. Inventário da araneofauna (Arachnida, Araneae) de serapilheira na Estação Científica Ferreira Penna, Pará, Brasil. 2004. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Zoologia, MPEG/UFPA, Belém, 2004.
BESTELMEYER, B. T.; AGOSTI, D.; ALONSO, L. E.; BRANDÃO, C. R. F.; BROWN, W. L. Jr.; DELABIE, J. H. C.; SILVESTRE, R. Field techniques for the study of ground-dwelling ants: An overview, description and evaluation. In: AGOSTI, D.; MAJER, J. D.; ALONSO, L. E.; SCHULTZ, T. R. (Orgs.). Ants: Standard methods for measuring and monitoring biodiversity. Washington: Smithsonian Institution Press, 2000. p. 122-144.
FISHER, B. L. Improving inventory efficiency: a case study of leaf-litter ant diversity in Madagascar. Ecological Applications, v. 9, n. 2, p. 714-731, 1999.
RICETTI, J. Inventário de aranhas (Arachnida, Araneae) em quatro fitofisionomias da Serra do Cachimbo, Novo Progresso, Pará, Brasil. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Zoologia, MPEG/UFPA, Belém, 2005.
WISE, D.H. Spiders in ecological webs. Cambridge: Cambridge University Press, 1993. p. 328.