logomarca do museu

 PPBIO Amazônia Oriental

Current Size: 76%

Protocolo 9 - Aves

< Protocolo 8                                                                                                                                                                                  Protocolo 10 >

Coordenador:
Dr. Alexandre Luis Padovan Aleixo (MPEG) • E-mail: alexio@museu-goeldi.br
Pesquisadores responsáveis:
Leste do Pará - Dr. Alexandre Padovan Aleixo (MPEG)
Oeste do Pará - Dr. Edson Lopes
Maranhão - Dr. Carlos Martinez (UFMA)
Mato Grosso - Dr. Dalci Mauricio Miranda de Oliveira (UFMT)
Tocantins - Renato Torres Pinheiro (UFT)

Grupos de interesse e diversidade de espécies estimada por grade

Aves: 300 espécies, com 95% de espécies determinadas.

Papel biológico do grupo: as aves estão entre os organismos vertebrados mais conspícuos e de maior biomassa em ambientes florestais neotropicais (TERBORGH et al., 1990), atuando como polinizadores e dispersores-chave de diversos grupos de angiospermas (LEVEY et al., 2005). Além disso, a diversidade ecológica da avifauna amazônica (considerada a mais rica do mundo, com mais de 1.000 espécies, sendo 265 endêmicas), permite que várias espécies sejam utilizadas como bioindicadoras de diferentes ambientes, inclusive aqueles resultantes de alterações antrópicas (OREN, 2001).

Técnica 1. Levantamento qualitativo

Durante a amostragem qualitativa, um ou dois observadores experientes registrarão numa caderneta de campo todos os indivíduos e espécies de aves vistos e/ou ouvidos ao longo das trilhas da parcela, juntamente com o tipo de ambiente onde eles foram registrados. Nos casos em que a identificação imediata de uma determinada ave for impossibilitada, será realizada a coleta científica da mesma, com espingarda ou rede de neblina. As aves assim coletadas serão preparadas como material zoológico e depositadas nas coleções ornitológicas das instituições participantes do PPBio, sendo posteriormente identificadas com base numa análise comparativa com espécimes destas mesmas coleções.

Nos casos em que uma determinada vocalização emitida por uma espécie de ave não puder ser identificada prontamente, ela será gravada. Se a identificação dessa vocalização não acontecer logo após o “play-back” (que geralmente permite a visualização da ave em questão), será atribuído a essa gravação um código. Se durante uma amostragem posterior essa mesma vocalização for registrada novamente, o seu código será anotado juntamente com a sua localidade de ocorrência na parcela e habitat ocupado.

Em estudos anteriores realizados pela equipe executora, na maioria absoluta dos casos, após diversas tentativas, foi possível uma identificação dessas vocalizações, possibilitando assim o resgate dos registros com espécies “não identificadas” durante os levantamentos qualitativos.

Unidade amostral: um segmento de trilha de 1 km.

Desenho amostral: percorrer as 12 trilhas, com o objetivo de registrar as aves presentes, através de contatos visuais e auditivos. Esses levantamentos serão realizados ao longo de 12 dias, a partir de 30 minutos antes do nascer do sol, até cinco ou seis horas após o mesmo, período que representa o pico diário de atividade da avifauna ,e permite a detecção tanto de espécies noturnas quanto diurnas. Portanto, a cada amostragem de avifauna, um esforço mínimo de pelo menos 80 horas de observação será despendido na realização do levantamento qualitativo em 60 km percorridos.

Técnica 2. Censo de avifauna

A metodologia de censo de avifauna a ser utilizada é a do levantamento quantitativo por pontos de escuta, sendo, essencialmente, a mesma utilizada pelo projeto TEAM (BIBBY et al., 1992) na Estação Científica Ferreira Penna (ECFPn) do MPEG. O levantamento quantitativo por pontos de escuta tem como objetivo fornecer uma estimativa da densidade das espécies de aves da comunidade, sendo o mais completo dentre todos os métodos de amostragem quantitativa disponíveis. Cada ponto (localizado dentro de uma parcela) será amostrado por 10 minutos, quando serão anotados: 1) Dia e hora do início da amostragem; e 2) Espécie e respectivo número de indivíduos registrados em três intervalos de distância do ponto: 0-10 m, 10-25 m, e 25-50m.

Sempre que possível, a distância aproximada do primeiro contato com um indivíduo/espécie será também registrada. Aves sobrevoando o ponto serão registradas como tal – e não serão enquadradas nos diferentes intervalos de distância a partir do ponto. Todas as amostragens quantitativas de avifauna serão gravadas por um assistente, que acompanhará o observador principal. Essa atividade possibilitará a documentação permanente das amostragens quantitativas de avifauna, permitindo uma checagem contínua dos dados.

Unidade amostral: parcela de 1 hectare.

Desenho amostral: um ponto de escuta será demarcado no interior de cada uma das 30 subparcelas de 1 hectare presentes na parcela principal. A cada dia, 6 pontos (parcelas) diferentes e localizados ao longo de um mesma trilha serão amostrados, a partir de 30 minutos antes do nascer do sol, com término, aproximadamente, quatro horas após o mesmo. Em qualquer circunstância, as amostragens devem terminar antes das 10 horas. Portanto, serão necessários 5 dias para amostrar todas 30 parcelas.

Técnica 3. Capturas com redes de neblina

Capturas de aves com redes de neblina fornecem uma estimativa da composição local da avifauna, bem como da densidade populacional das suas espécies, independente daquela obtida pelos outros dois métodos de amostragem de avifauna discutidos acima. Embora seja mais direcionada para aquelas espécies que ocorrem nos estratos inferiores de ambientes florestais, o método de captura com redes de neblina pode ser executado por observadores com pouco treinamento, uma vez que a identificação dos indivíduos capturados é bastante facilitada pela manipulação dos mesmos.

As redes serão abertas imediatamente após o amanhecer, sendo monitoradas a cada hora e fechadas por volta de 14 horas. Cada indivíduo de ave capturado será marcado individualmente, através de cortes na ponta das penas da asa e cauda, permitindo, assim, uma posterior identificação do mesmo, numa eventual recaptura. 

Unidade amostral: uma linha de 10 redes, em uma parcela de 1 hectare.

 Desenho amostral: uma linha com 10 redes de neblina de 12 x 2 m será estabelecida dentro de cada uma das 30 parcelas de 1 hectare, demarcadas pelo período de 2 dias, permitindo o acúmulo de um total de 160 horas/rede em cada subparcela. Para facilitar a operação, entre 3-4 observadores, independentes daqueles responsáveis pelos levantamentos qualitativos e censos, trabalharão a cada dois dias, em 5 sub-parcelas de 1 hectare, localizadas ao longo de uma mesmo trilha, monitorando, assim, diariamente, um total de 50 redes de neblina. Será deixando um dia de intervalo entre a amostragem de dois conjuntos de 5 parcelas de 1 hectare, para que as 50 redes de neblina possam ser realocadas. Portanto, a logística para essa metodologia requer entre 3-4 observadores, exclusivos para a atividade e 50 redes de neblina, sendo o esquema operacional que mais maximiza o uso de recursos humanos e redes de neblina pelo número de dias de amostragem de avifauna (n = 18).

Variáveis ambientais: as variáveis como umidade do ar, temperatura do ar, precipitação pluviométrica e classificação do solo poderão ser utilizadas, se disponíveis para cada parcela de 1 hectare.

Fixação e preservação do material: o material biológico será preparado na forma de peles taxidermizadas ou fixado em formol a 10%. Amostras de tecidos serão preservadas em álcool etílico 100%. Os exemplares coletados serão depositados nas coleções do INPA, do MPEG e de outras coleções fiéis depositárias da Amazônia.

Restrições a atividades que prejudiquem o desenvolvimento do protocolo: para assegurar o sucesso das amostragens de avifauna nas subparcelas de 1 hectare, as mesmas não poderão ser inventariadas com a presença concomitante de pessoas que trabalham com outros grupos taxonômicos.

Referências:

BIBBY, C. J.; BURGESS, N. D.; HILL, D. A. Bird census techniques. London: Academic Press, 1992. 

LEVEY, D. J. et al. Effects of landscape corridors on seed dispersal by birds. Science, v. 309, p. 146-148, 2005.

OREN, D. C. Biogeografia e conservação de aves na região Amazônica. In: Capobianco, J. P. R.; Veríssimo, A.; Moreira, A.; Sawyer, D.; Santos, I.; Pinto, L. P. (Eds.). Biodiversidade na Amazônia brasileira: avaliação e ações prioritárias para a conservação, uso sustentável e repartição de benefícios. São Paulo: Estação Liberdade; Instituto Socioambiental, 2001. p. 97-109.

TERBORGH, J. et al. Structure and organization of an Amazonian forest bird community. Ecological Monographs, v. 60, p. 213-238, 1990. 

< Protocolo 8                                                                                                                                                                                  Protocolo 10 >

X
Digite seu nome de usuário PPBio Amazônia Oriental.
Digite a senha da sua conta de usuário.
Carregando