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 PPBIO Amazônia Oriental

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Protocolo 12 - Fungos

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Coordenadora: 
Dra. Helen Maria Pontes Sotão (MPEG) • E-mail: helen@museu-goeldi.br 
Pesquisadores responsáveis:
Leste do Pará - Dra. Helen Maria Pontes Sotão (MPEG)
Amapá - M.Sc. Jurema do Socorro Azevedo Dias (EMBRAPA/AP)
Mato Grosso - M.Sc. Cristiane Ferreira Lopes de Araújo (UNEMAT/TANGARÁ)
Tocantins - Dra. Paula Benevides de Morais (UFT)

Grupos de interesse: Basidiomycota: Urediniomycetes, Basidiomycetes (Aphyllophorales, Agaricales, fungos xilófilos ); Hyphomycetes.

Urediniomycetes: são fungos parasitas obrigatórios, pleomórficos, e apresentam uma alta especificidade em relação aos seus hospedeiros. Causam a doença denominada ferrugens de plantas. Ocorrem parasitando quase todas as famílias vegetais.

Basidiomycetes, Aphyllophorales, Agaricales e xilófilos: são fungos que produzem basidiomas macroscópicos diversificados. A maioria dos fungos em geral são saprófitos, decompositores de matéria orgânica, apresentando um papel relevante na reciclagem de nutrientes na natureza. Dentre estes destacam-se Aphyllophorales e Agaricales, que abrangem espécies comestíveis e de uso medicinal. No âmbito biotecnológico, muitas espécies apresentam potencialidade na biorremediação de solos contaminados, biopolpação de celulose, produção de etanol, dentre outros processos.

Hyphomycetes: fungos anamórficos (Mitospóricos), constituem uma classe artificial que possuem conidioma hifal livre e se reproduzem por esporos assexuados denominados conídios.

Diversidade das espécies estimadas por grade:

Urediniomycetes: 20-30 espécies, classificadas em 7 famílias;  

Aphyllophorales e xilófilos: 50 espécies, classificadas em 6 famílias; 

Agaricales: 40 espécies, classificadas em 4 famílias;

Hyphomycetes ( Mistospóricos): 45 espécies, classificadas em 20 gêneros.

Papel biológico:

Urediniomycetes: na condição ecológica de parasitas obrigatórios de plantas, compreendem um grupo de grande importância para a agricultura, plantações florestais e horticultura (CUMMINS; HIRATSUKA, 2003). Estes fungos estão sendo estudados para sua utilização no controle biológico de certas ervas daninhas (BARRETO; EVANS, 1995; BARRETO et al., 1995).

Aphyllophorales, Agaricales e Hyphomycetes: em geral são saprófitas, decompositores de matéria orgânica, apresentando um papel relevante na reciclagem de nutrientes na natureza. Neste grupo são encontradas espécies comestíveis, outras de uso medicinal e de algumas espécies lignocelulolítico. Estão sendo isolados compostos químicos que acusam a presença de novos metabólitos antimicrobianos, antioxidantes, inibidores de enzimas, assim como no âmbito biotecnológico, muitas espécies de Aphyllophorales apresentam potencialidade na biorremediação de solos contaminados (SOTÃO et al., 2003).

Hyphomycetes: neste grupo de fungos existem espécies que podem ser parasitas de animais e vegetais, mas, em sua grande maioria, são saprófitos associados a folhas e restos vegetais (HAWKSWORTH et al. 1995). Ecologicamente constituem um elo muito importante na degradação de compostos orgânicos e inorgânicos, facilitando assim a reincorporação dos nutrientes ao solo. Como consequência, são responsáveis pela fertilidade do solo e pela manutenção do equilíbrio ecológico dos mais diversos ecossistemas do planeta.

Técnica 1. Para os fungos da classe Urediniomycetes

Os métodos de coleta e preservação adotados serão os propostos por Cummins & C. Após secagem os espécimes deverão ser guardados em sacos plástico contendo cravo da índia, para evitar ataques por insetos (HIRATSUKA, 2003). Serão coletadas partes de plantas (folhas, frutos, flores, caule) que estejam com sintomas de ferrugem, como manchas, pústulas, galhas e anomalias. Sempre que possível, serão coletado material suficiente para serem feitas duplicatas. Para esta etapa, utiliza-se tesoura de poda e/ou podão. Deverá ser coletada uma amostra botânica para identificação do hospedeiro.

O material coletado será acondicionado individualmente em sacos plásticos, para posterior montagem em folhas de jornal, entre folhas de papelão e lâmina de alumínio (corrugado). Estas amostras serão prensadas entre duas grades madeira (prensa), presas por barbante ou corda. Para cada espécime coletado serão feitas anotações referentes a: local de coleta, coordenadas geográficas, data da coleta, coletor e número de coleta, habitat, hospedeiro (árvore, arbusto, erva). Sempre que possível, os espécimes serão fotografados. A etapa de secagem será realizada na base mais próxima do local de coleta. As amostras serão desidratadas em estufa a gás ou elétrica, a uma temperatura entre 50oC.

Desenho amostral: serão utilizadas 15 parcelas da grade, em uma faixa de 250 x 4m, seguindo a linha principal de cada parcela (2m à direita e 2m à esquerda). As parcelas a serem amostradas manterão o desenho regular, mantendo 2km de distanciamento entre si, sendo um representativo da grade conforme sugestão PPBIO/MPEG.

Unidade amostral: faixa de 250m comp. x 4m larg.

Técnica 2. Para os fungos das ordens Aphyllophorales, Agaricales e Fungos xilófilos

Serão realizadas coletas dos fungos macroscópicos, utilizando-se os métodos de coleta, documentação e preservação, citados por Fidalgo e Bononi (1984). Os espécimes serão coletados individualmente, com auxílio de faca, canivete ou serrote, tomando-se o cuidado de coletá-los com uma porção do substrato ao qual o fungo esteja aderido (solo, folhedo, troncos ou galhos caídos de plantas em decomposição ou mais raramente pequena parte de árvore viva).

O material será acondicionado em saco de papel ou quando muito frágil em caixas de papelão ou em depósitos de filme fotográficos. Para cada amostra coletada serão preenchidos formulários com detalhes morfológicos, coloração, odor, textura e sempre que possível registro fotográfico e/ou desenho. As espécies com potencialidades lignocelulolíticas e as comestíveis, quando possível, serão isoladas em meio de cultura especifico para cada grupo. A secagem do material será realizada em estufa de campo a gás, com temperatura em torno de 50° -60ºC ou quando o material for muito frágil, serão secos em depósitos plásticos contendo sílica gel com indicador de umidade. O material seco será acondicionado em caixas de papelão. Todo o material coletado e que não for identificado pelos pesquisadores do PPBio, será incorporado nos herbários das instituições participantes do projeto, e posteriormente encaminhamento para identificação por especialistas.

Desenho amostral: serão utilizadas 15 das 30 parcelas da grade, em uma faixa de 250 x 2m, ao lado direito da trilha da parcela. As parcelas a serem amostradas manterão o desenho regular, mantendo 2km de distanciamento entre si.

Unidade amostral: faixa de 250 x 2m.

Técnica 3. Para os Hyphomycetes

Devido à característica destes fungos serem microscópicos, patógenos de plantas ou decompositores da matéria orgânica, o método de coleta é baseado na busca de partes de plantas selecionadas ou com sintomas e em substratos orgânicos em decomposição, sendo comum que espécies de gêneros diferentes estejam associadas explorando o mesmo substrato. As coletas serão direcionadas a diversos substratos, partes vivas de plantas ou em decomposição, com ênfase nas palmeiras. Com auxílio de uma lupa de mão, observa-se a presença de fungos colonizando o substrato determinado e procede-se a coleta. A identidade desses fungos revelar-se-á em laboratório, após a observação sob a lupa (estereomicroscópio) e a preparação de lâminas para serem observados no microscópio composto. Para uma maior eficiência, propõe-se realizar as coletas no final do período das chuvas (maio ou junho).

Desenho amostral:  10cm do lado direito da trilha da parcela (250 x 20m), em todas as parcelas da grade. Dentro de cada parcela, serão amostrados fungos de 5 palmeiras. Serão utilizadas as faixas de amostragem de árvores com DAP.

Unidade amostral: faixa de 250x20m.

Dados ambientais importantes para o grupo: tipo de vegetação, dados climáticos, topografia da área.

Preservação do material: todo o material coletado deverá ser incorporado em herbários, atendendo a política de uso e compartilhamento das coleções adotada pelo PPBio. As etapas de montagem, distribuição dos espécimes, registro, informatização e incorporação em herbários, seguirão o padrão utilizado em cada herbário ao qual as amostras serão incorporadas. Os exemplares coletados serão depositados nas coleções do INPA, do MPEG e de outras coleções fiéis depositárias da Amazônia.

Restrições a outras atividades que prejudiquem o desenvolvimento das técnicas de coleta:

Uredinales: evitar a prática de algumas pessoas que em campo costumam cortar galhos de plantas desnecessariamente.

Os basidiomas macroscópicos, em geral estão em substratos vegetais e as pessoas poderão pisoteá-los. Os menores ou mais frágeis, seria conveniente que no período de coleta dos fungos tivessem poucas pessoas trabalhando na área ou, quando possível, somente esta equipe. Evitar que pessoas não aptas a realizar as coletas, façam-nos no mesmo período em que a equipe estiver em campo, pois se as técnicas não forem adequadas, o material não servirá para identificação e incorporação em coleções. Recomenda-se que as pessoas não depositem lixo na área de estudo.

Referências:

BARRETO, R. W.; EVANS, H. C. The mycobiota of the weed Mikania micrantha in southern Brazil with particular reference to fungal pathogens for biological control. Mycological Research, v. 99, n. 3, p. 343-352, 1995.

BARRETO, R. W.; EVANS, H. G.; ELLISON, C. A. The mycobiota of the weed Lantana camara in Brazil, with particular reference to biological control. Mycological Research, v. 99, n. 7, p. 769-782, 1995.

CUMMINS, G. B.; HIRATSUKA, Y. Illustrated genera of rust fungi. 3. ed. St. Paul: American Phytopathological Society, 2003. 225p.

FIDALGO, O.; BONONI, V. L. Guia de coleta, preservação e herborização de material botânico. São Paulo: Instituto de Botânica, 1984. 62 p. (Manual n. 4).

HAWKSWORTH, D. L. et al. Ainsworth & Bisby’s dictionary of the fungi. Cambridge: CAB International, 1995. 616p.

JESUS, M. A.; ABREU, R. L. S. Durabilidade Natural da madeira de Pupunha (Bactris gasipaes Kunth). I Fungos. Acta Amazonica, Manaus, v. 32, n. 4, p. 663-675, 2002.

JESUS, M. A. et al. Xylophagous macroinvertebrate and fungi associations in contrasting Amazonian Ecosystem the Millip wiepoint. International Journal of Ecology and Environmental Sciences, New Delhi, v. 27, p. 71-79, 2001.

SOTÃO, H. M. P. et al. Fungos macroscópicos: Basidiomycetes. In: FERNANDES, M. E. B (Org.). Os manguezais da Costa Norte Brasileira. São Luis: Fundação Rio Bacanga, 2003. 142 p. il.

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