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Protocolo 8 - Peixes

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Coordenador:
Dr. Wolmar Benjamin Wosiacki (MPEG) • E-mail: wolmar@museu-goeldi.br

Pesquisadores responsáveis:
Leste do Pará - Dr. Luciano Montag (UFPA)
Oeste do Pará - Dra. Ynglea Georgina de Freitas Goch (UFOPA)
Amapá - M.Sc. Cecile De Souza Gama (IEPA)
Maranhão - Dr. Antonio Carlos Leal de Castro (UFMA)
Mato Grosso - Dra. Solange Aparecida Arrolho da Silva  (UNEMAT/AF)

Grupos de interesse e diversidade de espécies estimada por grade:

Actinopterygii  – cerca de 50 espécies.

Papel biológico do grupo: consumidores primários e secundários, sendo o mais diverso grupo de vertebrados.

Parcelas aquáticas: em cada igarapé selecionado para o estudo, será demarcado um trecho de 20 metros de comprimento, por toda largura do corpo d’água, onde serão feitas as coletas e as medidas dos parâmetros ambientais (físicos e químicos) das parcelas aquáticas. Caso a grade inclua ecossistemas aquáticos que não possam ser tratados desta forma, como poças, lagos ou igapós, será buscada a definição de uma parcela o mais próxima possível. Para um lago, pode ser acompanhada uma das margens por 20 metros.

Distribuição das parcelas: as parcelas deverão ser escolhidas de forma a incluir todos os tipos de ambientes habitados por peixes encontrados na grade, assim como buscando abranger toda a área da grade. A conectividade dos cursos d’água deverá ser levada em conta, buscando aumentar a independência das amostras. Em cada grade, deverão ser estabelecidas entre 5 e 10 parcelas, sendo este número determinado tanto pela necessidade, devido à diversidade de ambientes encontrados, quanto pela possibilidade de estabelecer parcelas satisfatoriamente independentes. Em cursos d’água, a independência entre parcelas será buscada através de um distanciamento mínimo de 500 metros entre as parcelas, medido acompanhando o curso d’água, assim como pela minimização da conectividade entre elas. Idealmente deverá haver parcelas em todos os tipos de ambientes. 

Em cursos d’água, a ordem deverá ser um dos aspectos distintivos entre tipos de ambientes. Na escala de Horton, modificado por Strahler (PETTS, 1994), a junção de dois riachos de 1ª ordem (nascentes) forma um de 2ª ordem; dois riachos de 2ª ordem formam um de 3ª ordem, e assim sucessivamente.

Técnica 1. Coleta com peneira

Esta é a técnica fundamental do protocolo, pois pode ser aplicada em qualquer tipo corpo de água que possa ser incluído em uma parcela florestal, embora não permita amostrar as regiões mais profundas de corpos de água maiores. Esta só deve ser aplicada até a profundidade de 1,5m.

Desenho amostral: cada parcela, em cada coleta, será amostrada por 8 horas seguidas, podendo este tempo ser dividido entre mais de um coletor. O esforço de amostragem deverá ser distribuído de forma aproximadamente homogênea dentro da parcela.

O esforço amostral total de uma parcela será dividido em unidades menores, para viabilizar análises quantitativas mais informativas. Para isto, será considerado separadamente cada método como segue:

Redes de mão (peneira): cada conjunto de exemplares coligidos em uma sequência de 200 eventos amostrais (peneiradas) comporá separadamente um sublote. Poderão ser realizadas 1, 2 ou mais sequências, dependendo da necessidade momentânea.

Rapiché/puçá: o conjunto de exemplares coligidos em cada sequência de 200 eventos amostrais comporá separadamente um sublote. Poderão ser realizadas 1, 2 ou mais sequências, dependendo da necessidade momentânea.

Rede de arrasto de fundo: o conjunto de exemplares coligidos em cada sequência de 50 eventos amostrais comporá separadamente um sublote. Poderão ser realizadas 1, 2 ou mais sequências, dependendo da necessidade momentânea.

Redes de espera: serão empregadas baterias de redes de espera, com 10m*2m, de diferentes malhas (2; 2,5; 3,5; 4, 5, 6 e 7cm entre nós consecutivos). As redes serão mantidas por 8 horas e revisadas a cada duas horas.

Cada sequência de redes de mão, rapiché e rede de arrasto, bem como cada revisão das redes de espera serão devidamente etiquetadas, sendo o material fixado em formol 10% no local de coleta. A princípio, não existe necessidade de associar qualquer informação adicional a estas unidades amostrais, ficando a critério do pesquisador sua obtenção ou não.

Sempre que possível, deve-se procurar isolar a parcela aquática do restante do corpo d’água. Em cursos d’água de pequeno porte, com as margens bem definidas e poucos obstáculos em seu leito, é possível alcançar este isolamento com o uso de redes de cerco. Nestes casos, as extremidades dos trechos de amostragem serão bloqueadas com redes de malha fina (5mm entre nós opostos), para evitar a fuga dos peixes. Uma terceira rede será utilizada para reduzir as áreas de coleta e facilitar a coleta com os puçás e peneiras. As redes serão deslocadas no sentido jusante-montante, conforme forem sendo realizadas as coletas, até se cobrir completamente o trecho incluído na parcela.

Unidade amostral: resultado do total de exemplares coletados na(s) sequência(s) realizadas com cada método (rede de mão, rapiché ou rede de arrasto) ou na rede de espera.

Observações: mesmo para um RAP, é necessário realizar pelo menos duas coletas – uma na estação seca e uma na chuvosa, devido à grande variação das comunidades ícticas, em resposta às variações no nível dos corpos d’água.

Como as coletas serão realizadas em trechos relativamente pequenos e durante um curto período de amostragem, o impacto sobre as populações ícticas deverá ser insignificante.

Técnicas complementares: caso a grade inclua ambientes para os quais a peneira manual não seja satisfatória, outros métodos deverão ser acrescentados. O importante é que: 1) Caso seja possível incluir a técnica descrita para a rede manual, que ela seja mantida, o que facilitará a comparação dos dados de diferentes grades; 2) Que a amostragem inclua a obtenção de um número suficiente de amostras por parcela, para que possam ser feitas análises quantitativas, idealmente 30 ou mais amostras. Existem vários métodos descritos na literatura que podem ser aplicados.

Variáveis ambientais: S/cm), oxigênio dissolvido (mg/L) e temperatura (ºC) serão determinados com aparelhos digitais portáteis. A abertura média do dossel (%) será calculada em percentagem, utilizando um densiômetro côncavo (Robert E. Lemmon Forest Densiometer, modelo C), a partir da média de leituras em 3 pontos equidistantes, ao longo do trecho (em cada ponto serão realizadas 4 leituras, diremniAn

Onde: At = área do transecto dada pela somatória de [(Z1+Z2)/2].l + [(Z2+Z3)/2].l  + ... [(Zn+Zn+1)/2].l 

Onde: Zn =  profundidade medida em cada segmento; l = largura de cada segmento.

O potencial hidrogeniônico (pH), condutividade (S), a largura média do canal (m) será calculada a partir da média de 4 medidas equidistantes ao longo do trecho determinado. A profundidade média do canal (m) e profundidade máxima média (m) serão calculadas a partir de 9 sondagens equidistantes, em 4 transectos transversais ao longo do trecho. A velocidade da corrente (m/s) será determinada pela média entre três pontos dispostos no centro do canal, medida no meio da coluna d’água, utilizando um fluxímetro ou medindo-se o tempo de deslocamento de um objeto flutuante por uma distância conhecida.

A vazão média (m3/s) será obtida relacionando-se velocidade média, largura e profundidade, pela fórmula: Q = A . Vm  

Onde: Q = vazão; Vm = velocidade média da corrente; A = área transeccional média na secção transversal do curso de água.

A área transeccional será calculada a partir da média da área de 4 transectos em cada trecho estudado, pela fórmula: At = cionadas para os pontos cardeais Norte, Sul, Leste e Oeste). O tipo de substrato será inicialmente classificado em sete categorias: areia, argila, tronco (madeiras com diâmetro acima de 10cm), liteira (composta de folhas e pequenos galhos), liteira fina (material particulado fino), raiz (emaranhado de raízes, a maioria fina, proveniente da vegetação marginal) e macrófita (vegetação aquática).

Forma de preservação do material coletado: fixados em formol 4% e preservado em álcool 70%. Os exemplares coletados serão depositados nas coleções do INPA, do MPEG e de outras coleções fiéis depositárias da Amazônia.

Restrições a atividades que prejudiquem o desenvolvimento do protocolo: sujar os cursos de água.

Referências:

PETTS, G. E. Rivers: Dynamic components of catchment ecosystems. In: CALOW, P.; PETTS, G. E. (Eds.). The River Handbook. v. 2. Oxford: Blackwell Scientific, 1994. p. 3-22.

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